quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Portugal Foi-nos Roubado


Nestes tempos em que faltam dois dias para o centenário do Regicídio impõe-se deixar aqui registado o Fado que, a meu ver, melhor traduz o sentimento actual.

Portugal Foi-nos Roubado

Música: Popular
Letra: João Ferreira-Rosa


Portugal foi-nos roubado
Há que dizê-lo a cantar
Para isso nos serve o Fado
Para isso e para não chorar

5 de Outubro que treta
O que foi isso afinal
Dona Lisboa de Opereta
Muito chique por sinal

Sou português e por tal
Nunca fui republicano
O que eu quero é Portugal
Para desfazer o engano

Os heróis dos republicanos
Banqueiros, tropa, doutores
No estado em que ainda estamos
Só lhe devemos favores

Outubro, Maio e Abril
Cinco, dois oito, dois cinco
Reina a canalha mais vil
Neste pano verde e tinto

Sou português e por tal
Nunca fui republicano
O que eu quero é Portugal
Para desfazer o engano.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As Comemorações da República

(Gravura fantasiosa do início do século, não estariam na praça do município nem um décimo dos representados)

Perante o Decreto-Lei 17/2008, que hoje foi publicado em Diário da República e que cria a estrutura organizativas das Comemorações do Centenário da República, acho que vale a pena voltar a publicar um texto que escrevi a propósito de um certo 5 de Outubro. A verdade é que em tempo de crise, os que nos governam e nos pedem sacrifícios vão empenhar o dinheiro dos nossos impostos (sim porque para esta trampa não há fundos comunitários) a organizar exposições, concertos e festividades num programa de comemorações que vai 2010 a 2011.


Para insulto maior têm a lata de lançar estas comemorações numa altura em que alguns portugueses humildes e sem apoios do Estado assinalam a passagem dos 100 anos da morte de dois inocentes sacrificados no altar da pátria.


Concorde-se ou não com o 25 de Abril é a data legitimadora do regime que se vive hoje. É indiscutível que deve ser celebrado pois está na génese da forma como vivemos hoje, para o bem e para o mal. Outros prefeririam, talvez, que não houvesse tantos feriados "católicos" em Portugal. Contudo de todos os feriados existentes em Portugal nenhum é tão estúpido e desadequado como o 5 de Outubro e isso deveria ser um dado pacífico entre todos os portugueses democratas e conhecedores da história do seu país. Já deveria ter acabado há muito tempo.Embora vivamos em sistema republicano, monárquicos e republicanos concordarão certamente que a vilania que se realizou depois de 5 de Outubro de 1910 nada tem a ver com o país que temos hoje.O que nasceu em Portugal a partir desse dia foi a legitimação "de jure" de uma república que já o era "de facto" desde a vitória dos liberais no século XIX. Tal república é muitas vezes criticada pelo desnorte e falta de rumo que imprimiu ao país. As pessoas tendem a olhar para a Iª República como uma espécie de segundo governo de António Guterres. Nada mais ingénuo... O problema foi mais grave.Os republicanos tinham de facto um primeiro objectivo que se esgotava facilmente. Esse não era outro senão matar a monarquia. A tarefa foi facilitada pelos sucessivos anos de liberalismo e destruição de todas as estruturas do antigo regime, sobretudo da Igreja. Um belo dia o destino de milhões de portugueses, espalhados por 3 continentes, foi mudado por meia dúzia de radicais de esquerda entre a Avenida da Liberdade e a Praça do Município. Instaurou-se em Portugal a mais sanguinária e tirânica ditadura jamais existente. Sete anos antes da Rússia, Portugal foi o primeiro país da Europa a ser governado pela esquerda radical, firmada num gigantesco e complexo organismo chamado Partido Republicano Português, chefiado pelo sinistro Afonso Costa. Onde o Estado Novo teve presos políticos, a Iª República teve esquadrões de morte para os opositores. Onde o Estado Novo teve censura, a Iª República teve jornais fechados por decreto arbitrário. Onde o Estado Novo lutou para defender a soberania em África, a Iª República mandou lutar para África, no massacre da Flandres e ainda lhes cuspiu em cima quando voltaram. Onde o Estado Novo ilegalizou o comunismo, a Iª República roubou tudo o que pôde à Igreja Católica.A máquina gigantesca, violenta e poderosa do PRP apropriou-se do Estado. Ninguém ia ao Estado senão por ele. Tão brutal foi esta ditadura que as pessoas não a puderam suportar mais que 15 anos. Caiu odiada e sem deixar saudades a ninguém.É a implantação deste regime que vamos celebrar mais um vez dentro de dois dias... Festeje-se a República. Nada a opor. É o regime em que vivemos. Mas porquê o maldito 5 de Outubro?


Voltarei a este tema seguidamente...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Cavalos

Um dos ícones da mitologia fadista, sobretudo ao nível do que se chama de maneira comum o “fado aristocrático” e do fado marialva é o Cavalo Alazão. É-lhe dedicado um fado denominado precisamente “Cavalo Alazão”, que foi popularizado por Carlos Guedes de Amorim ou pelo forcado montemorense Carlos Pegado, numa letra de Maria Manuel Cid e música de Alfredo Marceneiro. O cavalo alazão é ainda referido no fado “Deixaste a vida de outrora” (também uma letra de Maria Manuel Cid) na voz de Teresa Tarouca “De maneira dona airosa/com que montavas pimpão/essa faquinha nervosa/o teu cavalo alazão”. Mais uma jovem fadista montemorense, Inês Vila Lobos se enamorou na garupa do cavalo alazão, senão vejamos, “E à garupa de alazão/o teu corpo ao meu unir.../o teu cavalo julgava/que só te levava a ti. Por outro lado o mestre do fado jocoso Manel Marçal tem cantado ocasionalmente uma versão decadente do dito bicho. Numa letra de Paulo Valente “O meu cavalo coirão, é orgulhoso talvez, mas é coxo de uma mão e manco das outras três...”

Em termos de popularidade é difícil dizer quem será mais famoso, se este Alazão ou o seu maior rival que é sem dúvida o Cavalo Ruço, de Nuno da Câmara Pereira. Vejamos... Câmara Pereira defende que era o cavalo mais lindo do Ribatejo enquanto que Maria Manuel Cid defende que o Alazão era orgulhoso do seu porte e linhagem, Alter de real nobreza com orgulho no seu brazão. Enquanto que o Cavalo Ruço todos sabemos ser filho de uma capona bravia...

Ao nível económico vê-se que o Cavalo Alazão é mais show-off que outra coisa. Na feira de Vale Cavalos ganha-se meia dúzia de galináceos com ele e já é um pau. Já o Cavalo Ruço era bom a tourear, a caçar, a derribar, a caçar, concursos de saltos etc...

Em estilo a competição é mais renhida. Se o Alazão trota largo com espavento e tem genica a galopar, enquanto o Ruço saltava que era um primor, era manso e tudo fazia com graça.

Fica ao leitores a decisão, mas sempre sabendo que se optarem pelo Cavalo Ruço é melhor não o aproximarem muito dos toiros.

Menos conhecido o Cavalo Lusitano interpretado por Manuel da Câmara Nobre raça portuguesa. Mas mesmo assim julguem por vocês. Acho que também tem valor. Ah já só faltam 10 meses para a Golegã...

"Leva os toiros ao engano,Salta com rara beleza.Na alta escola ele é jóia,Doce aura a galoparE engatado a uma tipóia Aos fados me quer levar.Dá-me prazer,Pouco antes de o montar,Carícias poder fazer,Que parecem lhe agradar.E quando a passoRelincha de alegria,Cada passo dá compassoÀ mais bela melodia.Vai comigo ao S. Martinho,À feira de Santarém.Nessas légua de caminhoÉ feliz como ninguém.E no campo, em liberdade,Seu prazer é mais profundo.Ser um Veiga ou ser AndradeÉ o melhor que há no mundoDá-me prazer Pouco antes de o montar,Carícias poder fazerQue parecem lhe agradar.E quando a passoRelincha de alegria,Cada passo dá compassoÀ mais bela melodia"

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Alentejo

E isto dos regressos ao Alentejo tem que se lhe diga. Dá vontade de cantar o Vianinha com esta letra do meu amigo Domingos Xavier, celebrizada pelo Francisco Sobral.

Meu Alentejo Doirado

Música: Fado Vianinha
Letra: Domingos da Costa Xavier

Meu Alentejo doirado
Dessas searas sem fim
Fui aqui nado e criado
Tudo faz parte de mim

Amo a vida do sequeiro
O ver o trigo a crescer
O que digo é verdadeiro
Foi uma graça aqui nascer

Meu Alentejo doirado
Dos azinhais e sobreiros
E dos rebanhos de gado
Que vão beber ao ribeiro

Meu Alentejo doirado
Dessas searas sem fim
Fui aqui nado e criado
Tudo faz parte de mim.

Um Sábado à noite


Tive duas gratas surpresas este fim de semana. Sem saber entrei em Évora num Bota Alta a abarrotar de gente, este Sábado, e foi com muito prazer que conhecei aquele que considero um dos melhores fadistas da actualidade. Pedro Moutinho de seu nome. Não só é um destacado fadista de uma casa onde todos cantam (o irmão Camané, o Hélder Moutinho e os pais que são dois castiços da velha guarda), como é uma pessoa simpatiquíssima, com quem podemos falar de Fado uma noite inteira. Para felicidade de todos os eborenses que gostam de Fado vamos tê-lo, daqui para a frente, duas vezes por mês no Bota Alta, casa onde se iniciou o meu grande amigo Duarte que podemos ouvir todas as terças e sextas. A outra surpresa da noite foi a Rita Ribeiro que coloriu ainda mais um noite de inesperada fadistice e bom vinho. A minha querida Ti Esperança tem todo o mérito de, tendo voltado costas a Lisboa, ter fundado um local de referência nas noites alentejanas. E tudo isto sozinha, o que já não é pouca coisa...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Como é que nos deixamos chegar a este ponto?


O que aqueles filhos de um grandessíssima puta que nos governam na Europa e em Portugal nos fazem é muito fácil de fazer e qualquer aspirante a ditadorzeco de bolso o faria se governasse a carneirada em que todos nós nos tornámos.

Desde que se inventou a democracia que todos sabemos comprar gato por lebre cada vez que pomos o voto na urna. Mas uma coisa é prometer que se vai construir isto ou reformar aquilo e ao abrir os “dossiers” verificar-se que não há verba ou que a situação é muito mais complexa do que se pensava e portanto a solução levará vários anos. Um exemplo claro da primeira temo-lo quando um Presidente de Câmara promete fazer esta ou aquela infra-estrutura, seja um estádio ou uma estrada para uma aldeia e depois não arranja verbas. Já na segunda o melhor exemplo é o que se passa com a Educação em Portugal. Tudo isto é uma safadice de primeira, mas compreensível e de certa forma com justificação.

O que o mentiroso do Primeiro-Ministro acaba de fazer em relação ao referendo do Tratado da Treta que a Europa nos impõe não se enquadra em nenhuma das anteriores categorias. Enquadra-se na maior falta de carácter e vergonha na cara que um governante alguma vez teve em Portugal! Nada... Mas absolutamente nada o impede de fazer uma consulta à excepção do facto de ser um caniche dos parceiros europeus que lhe deram este ossinho de conspurcar o santo nome de Lisboa nesse infame tratado para o calar. Pensar e debater este tratado, que é exactamente a mesma porcaria que o anterior, é fundamental em termos políticos. Infelizmente não o é em termos constitucionais.

O que nos leva ao fundamental deste texto. Caro leitor, será que temos mesmo que comer com isto tudo calados? Nunca se esqueçam que se tivéssemos todos calados tinha-se feito a negociata da OTA, sem tugirmos nem mugirmos. Felizmente houve homens de coragem que souberam bater o pé.

Vamos continuar a tolerar que professores que digam coisas bem menos graves das que estou a escrever aqui, sejam punidos disciplinarmente. Vamos continuar a admitir a perseguição aos funcionários públicos que não abaixam as orelhas? Vamos continuar a fornecer os nossos dados pessoais a torto e a direito ao Estado sob a capa de um suposto choque tecnológico? Vamos continuar a ter aturar o suínos que governam a Venezuela e a Líbia a pisar o chão da nossa terra? Vamos aturar por mais quanto tempo os mini-fascistas ignorantes da ASAE a quererem mandar e mudar o nosso modo de vida?

Caramba! Escrevam! Protestem. Basta enviar um email! Tantas petições podem circular! Fazem-se manifestações pelas coisas mais estúpidas neste país não poderá fazer uma a dizer basta.

A apatia é a única aliada do Governo! Como é que o nosso povo se deixa chegar a este ponto?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Lei do Tabaco



Triste por já não se poder fumar na Adega do Bota Alta e enquanto a ERC não proíbe a fotografia que aqui se posta, dei comigo a ler a lei do tabaco e eis que me deparo com um texto do mais verdadeiro que há!

Logo no artigo 1º se escreve que "é proibido fumar":

Alínea a) Nos órgãos de soberania e organismos da Administração Pública;

Alínea b) Nos locais de trabalho.

De facto são coisas bem diferentes... Em alguma coisa esta lei havia de ter razão...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cavaleiros




“Portugal... a cavalo picou toiros,
a cavalo venceu moiros,
foi destemido e pimpão”

Assim canta D. Vicente da Câmara no célebre Fado Marialva, mas a fiarmo-nos nas más notícias que recebemos este fim de semana, cada vez menos se faz jus ao poema. Deixámos os fanáticos e os extremistas ganhar. Mas o maior inimigo que nos venceu este fim de semana foi o medo. E essa é a maior vitória dos fanáticos. Que deixemos de viver a vida que sempre vivemos e pela qual queremos continuar a lutar. Não saíram os portugueses para o Dakar, a cavalo nos cavalos de aço a vencer os desertos dos Mouros... Paciência... Temos sempre as estrofes do “Calça justa a preceito, bem mais adequados para os dias que correm.

“A lusa cavalaria
Batalhou e venceu moiros
Mas na verdade hoje em dia
Com nostalgia restam-lhe os toiros...”

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Janeiras


Em vésperas do dia de reis dei por mim aqui na tasca a pensar há quanto tempo não saio a cantar as Janeiras. É verdade, nos serões da província ainda há que o faça e que noites bem rematadas passei nessa terra de Cogominhos de canjirão com a banza ao lado! A tradição não morreu mas o que será de meus filhos se quiserem mantê-la nesta Lisboa moderna.

Na verdade, a modernidade ameaça quase sempre a tradição. Quem se dará ao trabalho de ir tocar e cantar por um chouriço e dois copos de tinto quando tem uma Loja 24 horas? Na sociedade asséptica para onde caminhamos não convém deixar sair os meninos porque “faz muito frio e a gripe não está para brincadeiras” dizem outros. Divirto-me também a pensar como será possível ir cantar a Janeiras a um condomínio fechado, vigiado, com segurança 24 horas. O mais provável seria os pobres jograis terem um carro patrulha a fazer perguntas. E como ir de um condomínio para outro, percorrendo medonhos viadutos e muralhas de betão que sufocam esta cidade. Haverá confiança no mundo para abrir o postigo da porta a estranhos que vêm somente cantar a adoração do menino?

Já poucos querem saber das Janeiras hoje em dia... O corrector ortográfico do Word nem me aceitou a palavra “jograis” lá atrás... Mas elas estão no corpus e no animus da tradição portuguesa e mantê-las é não nos esquecermos de nós. Quem me dera Portugal.

Ouvi cantar as Janeiras



Ouvi cantar as Janeiras
Em terras de Portugal
Vi milho-rei desfolhado
Fados tristes por meu mal...

Ouvi cantar as Janeiras
No meio do Olival
Bacalhau por cima azeite
Vinho tinto... Bom Natal!

Ouvi cantar as Janeiras
Mais tristes, triste sinal
Nos anos que vão correndo
Somente esperança afinal
Ouvi cantar as janeiras
Quem me dera Portugal...

Letra: João Ferreira-Rosa
Música: Popular

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cigarrilha

Quem me conheça sabe bem que não tenho a menor simpatia pelos fascistaszecos higiénicos da ASAE nem pelos regulamentos que dizem cumprir, mas parece-me que estar a pegar nesta história da cigarrada do chefe da quadrilha no casino é ser uma bocado como eles... ou não?

Velhinho



Nesta manhã de chuva, o fadista já velhinho do fado anterior pôs-me a pensar. Será que há ainda súbditos de D. Carlos vivos neste novo ano de 2008? Tenho praticamente a certeza que há pessoas com mais de cem anos. Mas será que alguma recorda nitidamente esses dias de tumulto e agitação que se seguiram ao regicídio? Quando João Ferreira-Rosa escreveu esta letra teria, segundo o próprio cerca de 18 anos (portanto 1955). Faziam na altura todo o sentido as palavras "... de novo poder ver...". Hoje ninguém tem uma memória viva e presente dos dias da instituição real.


Não obstante, isso não é de todo uma tragédia. Primeiro porque tal como ninguém tem uma memória viva desses dias, também ninguém tem já a animosidade jacobina e republicana que levou à queda da monarquia. Ainda que os netos desses republicanos ainda andem por aí a militar a sua ética republicana, todos os grandes ódios da esquerda se canalizam para os despojos dos regimes autoritários do século XX. O que não quer dizer que a instituição real não seja marginalmente metida num mesmo saco. Mas isso deriva da ignorânia e do maníqueismo.
A verdade é que ao matarem o Rei fizeram dele um mártir e por isso não de atreveram a insultar mais o povo mudando o nome da rua que vai do Parlamento de Sâo Bento até ao Tejo.

Ainda haverá mais fadistas velhinhos com saudades, mas desta vez saudades do futuro, em que o Rei-povo desaparecido possa dar um novo fôlego à pátria que precisa dele mais do que nunca. E se eu não ensandecer e conseguir chegar à idade deste velhinho correeiro do Lumiar ainda haverá nesse dia velhinhos a chorar de olhos semi-cerrados lembrando os tempos que lá vão.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Fadista velhinho

Um fadista já velhinho
Muito triste coitadinho
Contou-me quase a chorar
As saudades do passado
Em que ele cantava o fado
Que todos queriam escutar

Contou-me então como era
As noitadas que fizera
Fadistas e cavaleiros
Um alegre São Martinho
Nos retiros com bom vinho
E o calor dos fogareiros

De olhos semi-cerrados
Baixinho lembrou os fados
Sua tristeza aumentou
Mas parando de repente
Olhando-me bem de frente
Com voz mais firme afirmou

A minha grande tristeza
Não me é dada pela pobreza
Nem lembranças que contei
É o medo de morrer
Sem de novo poder ver
Portugal ter o seu rei.

Letra: João Ferreira-Rosa
Música: Marcha de Alfredo Marceneiro

Abertura

No dia que ontem passou encetámos mais um ano da graça, desta feita, de 2008. No dia que passa ficámos a um mês de distância da triste e infame efeméride que cumpre agora 100 anos. Falta um mês para que passem cem anos do dia em que mataram o Rei e o príncipe. Em ponto nenhum deste país ou deste mundo devem os homens bons e amantes da Justiça deixar de chorar e velar o sangue inocente derramado nesse dia, o horror da mãe que vê o filho morrer nos braços, do desespero de com um ramo de flores tentar corajosamente vencer a boca das armas de fogo que lhe levavam a família. O Portugal de que eu gostava morreu mais um pouco nesse dia. Ainda que nunca o tenha vivido tenho saudades dele.